A sociologia pode ser considerada uma ciência?

>> 30/01/2011



Auguste Comte, o fundador do positivismo
Nos últimos anos, inúmeras têm sido as críticas à elaboração do conhecimento próprio das ciências humanas dentro da própria universidade. Também a imprensa - que veicula informações transmitidas pelas pesquisas de avaliação da produção acadêmica -, aponta o tempo demasiadamente longo que se leva para produzir resultados nos trabalhos realizados no campo das humanidades.

Todas essas críticas, que tomam como base os critérios de produção do conhecimento das ciências naturais, têm contribuído para que permaneça a questão sobre se as ciências sociais pertencem de fato ao ramo científico.

Parâmetros diferentes
O saber produzido pelas ciências humanas não corresponde a um saber científico, pois não atende aos requisitos delineados por uma específica visão de ciência, difundida a partir do século 19, feita sobre as características do conhecimento produzido pelas ciências naturais.

Todo o conhecimento que não atenda ao rigor do cálculo, à previsibilidade, à demonstração, aos métodos e técnicas de pesquisa baseados em processos quantitativos e de observação não são considerados científicos.

A definição de Comte
Subjaz a essa concepção, a idéia de ciência social que Augusto Comte defendia no século 19, de que a ciência da sociedade "apresente resultados indubitáveis e exprima verdades tão incontestáveis como as da matemática e da astronomia. É preciso também que a natureza dessas verdades seja de um certo tipo, (....) que partindo de leis mais gerais, das leis fundamentais da evolução humana, descubra um determinismo global."

Para Comte, "só há sociedade à medida que seus membros têm as mesmas crenças". Em Comte há, portanto, um determinismo global que deve ser buscado pela Sociologia, um determinismo que tem raízes na leis da evolução humana.

Vale ressaltar que a elaboração do conhecimento nas ciências humanas tem sua forma própria de constituir esse saber científico, baseada nas características dos seus objetos de estudo. É, portanto, um método muito diferente daquele praticado pelas ciências naturais.

Utilidade imediata
A discussão mais recente no mundo universitário diz respeito a uma produção acadêmica que atenda às demandas do mercado. A idéia é que a produção científica tenha utilidade imediata e que seja determinada externamente.

Com isso, questiona-se para que servem as ciências humanas, em especial as sociais, nesse contexto. Quando indagamos sobre a utilizade de um campo do conhecimento, já se incorporou a noção de que todo saber deve ter uma utilidade prática e de aplicação imediata.

Democratização das competências
Além da difusão de uma determinada concepção de ciência mediada pela lógica do mercado, conta o fato de que vivemos um tempo da banalização do conhecimento científico na área das humanidades, principalmente das ciências sociais. Todos sabem opinar sobre os objetos de estudo das diferentes áreas que compõem as ciências sociais.

Essa vulgarização foi alimentada pela "democratização das competências". Trata-se de uma discussão de que todos têm competência para discutir sobre política e sobre problemas sociais, pois esses temas fazem parte da realidade em que todos vivem.

Tais opiniões acerca dos problemas sociais e políticos trazem à tona um conhecimento superficial dessa realidade, em geral veiculado pela imprensa sem qualquer cuidado e reproduzido pelo imaginário social.

O que faz o cientista social
Todos podem falar dos problemas sociais que vivenciam. E devem fazê-lo, porque o aprofundamento dessas questões cresce com a discussão. Isso é necessário, mas não suficiente.

É preciso ter conhecimento teórico para formular análises das relações sociais, para analisar os discursos acerca da realidade social, compreendê-los e interpretá-los à luz de todo conhecimento já produzido a esse respeito. É exatamente isso que faz o cientista social.

*Celina Fernandes Gonçalves Bruniera é mestre em sociologia da educação pela Universidade de São Paulo e assessora educacional.

Postado por Instrutor-social.blogspot.com com apoio e colaboração do site http://educacao.uol.com.br/sociologia/ult4264u6.jhtm em 29 de janeiro de 2011.

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O Trabalho do Sociólogo

>> 24/01/2011



O campo de trabalho do engenheiro civil é a obra, é a construção. O campo de trabalho do professor é a sala de aula; o do médico é o consultório, ambulatório, hospital; o do cantor é o palco; o do artista plástico é o atelier; enfim, cada profissional resume o seu tempo de efetivo trabalho às horas em que está desempenhando as funções inerentes à sua formação.

E o Sociólogo? Onde está o seu campo de trabalho?...

Ora, desde que acorda, o Sociólogo entra em contato com o seu campo de trabalho e ao mirar-se no espelho vê um dos seus objetos de pesquisa. O Sociólogo é o pesquisador que, ao mesmo tempo, é o seu próprio objeto de pesquisa: eis o diferencial que faz do Sociólogo o profissional que não distingue o seu efetivo labor dos diversos papéis que o Ser Humano representa no seu dia-a-dia como ator social. Enquanto chefe de família, no seio do seu lar, o(a) Sociólogo(a) exerce as suas funções como um profissional de fato. Durante um rito religioso, o(a) Sociólogo(a) não é um fiel como os demais, pois o seu olhar tem um veio fatídico. Na prática do esporte, o(a) Sociólogo(a) busca em si e no outro o porquê da repetição daquele erro ou acerto. Na empresa para a qual presta consultoria, o(a) Sociólogo(a) não se limita a analisar situações a partir do que lhe foi solicitado, pois, apesar de não ser percebido, o seu olhar é crítico e percorre os ambientes a 360 graus, identificando seres inanimados, mas, principalmente, procurando pessoas, seus gestos, movimentos, suas falas, interrelações, sua cultura.

O profissional das Ciências Sociais (Antropólogo, Cientista Político, Sociólogo) é um produtor incessante de argumentos (dialéticos, compreensivos ou analíticos) resultantes da observação dos efeitos dos conflitos, ações e fatos sociais. Para ilustrar, basta lembrar que, num simples diálogo ocorrido na esquina, no restaurante, no mercado, na igreja, na praia, na escola, em casa ou no trabalho, a(o) Socióloga(o) modifica a realidade da pessoa com quem ela(e) conversa. O discurso positivo enleva o ouvinte na medida em que conjuga atitudes que valorizam a coletividade local e incentivam a troca de conhecimentos. Portanto, o Sociólogo produz a todo momento, desde que se pronuncie de forma justa e ética.

Imagine, agora, uma grande área de relva tenra (grama nova), pontilhado de arvoredos e cortado sinuosamente por um rio de águas límpidas, sobre o qual se vê uma pequena ponte romana que dá acesso a uma singela, porém bonita casa. Mas algo está errado nesse lugar... não se vêem pessoas. A sua curiosidade sociológica dirige seu olhar para aquela casa, ao longe, querendo revelar como vivem seus integrantes, como se relacionam entre si e com aquele ambiente.

Ah! Se a todo e qualquer lugar aonde vai o(a) Sociólogo(a), este(a) desempenha o seu papel como tal, durante 24 horas por dia, então é o mundo o campo de trabalho do(a) Sociólogo(a); e a vida humana, o seu objeto geral de pesquisa.

São as Teorias Sociológicas que nos permitem interpretar situações como a imaginada há pouco. Teorias Sociológicas nos ajudam a compreender melhor a sociedade em que vivemos e fornecem elementos para a nossa ação prática, que pode levar a mudanças sociais e ao nosso engajamento em movimentos políticos.

Para Karl Marx, economista e Sociólogo alemão, o objeto da sociologia é a luta de classe, em que uma minoria (burguesia) sobrepõe-se a uma maioria (proletariado).

Para Max Weber, Sociólogo alemão, o objeto da sociologia é a ação social, quando os indivíduos orientam-se através das ações dos demais atores sociais.

Para Èmile Durkheim, fundador da Escola de Sociologia francesa, o objeto de estudo da Sociologia são os fatos sociais, ou seja, as regras impostas pela sociedade: leis, normas e costumes, que são passados de geração a geração.

Nos dias atuais, início do terceiro milênio, pesquisar o mercado, mídia e opinião; assessorar governos através de pesquisas sociais, meio-ambiente, processos excludentes, planejamento urbanístico, violência, política científica; assessorar sindicatos, trabalhadores rurais e ONG's por intermédio de intervenções sociais; dar suporte a partidos políticos e empresas, principalmente na parte de desenvolvimento social, relações de trabalho e mediação de conflitos constituem as principais oportunidades de trabalho para o Sociólogo. Mas o topo desta lista está sendo ocupado, em curva ascendente, pelo Licenciado em Sociologia, que pode lecionar nos cursos do ensino Médio e pelo Mestre ou Doutor em Ciências Sociais, habilitado para ministrar aulas e/ou coordenar cursos no ensino superior, além de realizar pesquisas de alto nível em universidades.

Sociólogo(a)s! Temos uma missão muitíssimo importante: dar manutenção à Sociedade, de forma que ela caminhe em ordem e em evolução constante.


José Augusto de Pinho Barbosa
Sociólogo

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O homem é um ser social.

>> 15/01/2011



Somos sociais não apenas porque dependemos de outros para viver, mas porque os outros influenciam na maneira como convivemos com nós mesmos e com aquilo que fazemos

O homem é um ser social, e o ambiente de trabalho é o local onde esse conceito é mais testado durante nossa vida adulta. Praticamente já não existem profissões exercidas isoladamente, como faziam os antigos artesões. A maioria das funções atualmente é executada por equipes. E, muitas vezes, haja paciência para tolerar a convivência dentro da empresa, que já foi definida como um campo minado, em que, a qualquer momento podemos pisar no lugar errado e detonar um sentimento até então escondido. A raiva, o ciúmes, as frustrações, o medo passam muito tempo escondidos antes de se mostrarem em sua plenitude destrutiva.

É também no grupo, por outro lado, que vive a afetividade, a capacidade de compartilhar sentimentos positivos, aprender e colaborar. É tudo uma questão de saber cutucar as moitas certas.

Pense um pouco em seu ambiente de trabalho, e faça uma pequena análise. Você perceberá que está relacionado de forma permanente com dois fenômenos: com o trabalho em si, e com as relações interpessoais. A ligação com a tarefa engloba a aptidão que você tem, se gosta ou não do que está fazendo, o resultado financeiro, o volume de trabalho e seu projeto pessoal de vida do qual este trabalho faz parte. Nas relações interpessoais entra a dependência funcional que as pessoas têm entre si e também a relação propriamente dita, o seu lado humano.

Pois bem, o resultado e a qualidade do trabalho que você faz dependem desses dois fatores, e ainda depende da interação entre ambos. Gostar do trabalho, mas viver em um ambiente ruim não é muito diferente de não ter aptidão para a tarefa apesar de estar entre amigos. A tendência em ambos os casos é não durar muito seu estoque de energia para trabalhar. A mediação entre esses dois fatores foi estudada pelo psicólogo social Kurt Lewin e foi chamada por ele de “campo de forças”. Nosso desempenho depende da interação dessas forças.

O ambiente é fundamental, inclusive porque a percepção do valor e da beleza do trabalho pode ser influenciada por ele. Somos sociais não apenas porque dependemos de outros para viver, mas porque os outros influenciam na maneira como convivemos conosco mesmos e com aquilo que fazemos. Complexo, não é mesmo?

Vem daí a importância dos substantivos “validação”, “colaboração”, “estímulo”, “feedback”, “mediação”, “tolerância”, “motivação”, “liderança”, que devem ser cada vez mais transformados em verbos e conjugados intensamente nos ambientes de trabalho.

Você trabalha em equipe quando todos os membros compartilham o objetivo comum, colaboram sinergicamente entre si e quando há qualidade nas relações interpessoais. Se faltar um desses três elementos não é uma equipe, apenas um grupo. Se faltarem os três estaremos diante de um simples bando.

O homem é um ser social por que é frágil demais para viver sozinho. No entanto, sua maior desgraça reside no fato de que ele ainda não aprendeu bem a viver em sociedade. Ainda está acordando para o fato de que conviver significa levar em consideração o semelhante com todas as suas características pessoais. Conviver significa compartilhar, repartir, confiar, tolerar, ajudar, entender.

Às vezes comparamos a empresa com uma família, que é um lugar onde as diferenças também existem, mas devem ser sempre menores que as ligações afetivas que só há na família. Já se disse que ter uma família é “ter em quem confiar e ter a quem ajudar”. Essa é uma bela definição de família e também de grupo social, pois não há quem possa dispensar a necessidade de confiar nos outros, e não há quem não possa ou não se sinta bem ao colaborar com seu companheiro.

Perfeito. O homem é um ser social, e o homem é um ser consciente. Quanto maior a consciência maior a qualidade do convívio social. E a consciência significa uma visão clara do mundo circundante complementado por uma análise lúcida de sua relação com esse mundo. Quanto maior a lucidez, maior e melhor sua relação com o semelhante, seja o irmão, o colega, o cliente, o estranho.

E não esqueça: ninguém nasce lúcido e ninguém compra lucidez no varejo. Lucidez se constrói com algum esforço através da educação. Aquela educação completa, a que é para a vida toda e que às vezes leva uma vida para se completar. Mãos à obra, que ainda dá tempo!

Texto de Eugenio Mussak "educador".

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As novelas das oito "nove" e a família brasileira!

>> 14/01/2011





“Quando nada mais nos assusta, nos incomoda, quando os nossos olhos já não tem mais a sensibilidade do discernimento e o banal se torna normal, não é o mundo que está perdido, somos nós que nos perdemos no mundo”. (Léo Cruz)

Desde quando a televisão passou a ser o meio de comunicação mais influente na sociedade, as famílias brasileiras dedicam parte de seu tempo para assistir a programas preferidos e no horário nobre, o Ibope mostra que a maioria acompanha, capítulo por capítulo, as novelas da Rede Globo.

Quem nunca assistiu a uma novela? Quem nunca se envolveu com cenas emocionantes? Quem nunca reproduziu algo criado pelas novelas, como uma frase de efeito, um costume ou uma tendência? O que seria da família brasileira sem essas novelas, ou melhor, como seria?

É comum ver nas novelas das oito a degradação do comportamento humano, os desvios escabrosos do mundo moderno em meio à liberdade de expressão. Na televisão, a disputa pela audiência faz das novelas das oito uma exposição licenciosa que agride a família brasileira.

É impressionante como essas novelas tem a capacidade de se superar no quesito destruição familiar. A fidelidade morreu, a traição é comum e excitante pela banalidade dos encontros fortuitos. A mulher é vista como um objeto e o homem, um negócio lucrativo. A leviandade marca os personagens, a maldade dá prazer, a devassidão parece apocalíptica, fria, insensível e desumana.

Usar um tema que gera cidadania, também recurso das tramas, nesse caso, parece pretexto. É o discurso batido de que as novelas retratam a realidade. A família brasileira não é isso. A traição não é de todos, não temos tempo para tramar intrigas e nem destruir os outros, o pobre nem sempre tem o café da manhã à mesa, ao contrário dos pobres da novela. Esses são alguns exemplos de que os fatos que se assemelham ao que vemos nas tramas globais são mera coincidência, não representam a realidade.

Todavia, as novelas fazem acreditar que a realidade é essa mesma, a que está lá, nos capítulos imperdíveis, porque martela nossas crenças, confunde nossos valores, deturpa nossos conceitos, transformando-nos em meros reprodutores de sua filosofia de estilo de vida livre. É a imposição do padrão de comportamento e aculturação da família brasileira. Como conseqüência, está a perda de valores morais e sociais, inclusive pelas gerações futuras.

Nessa cultura do pão e circo, é preferível que a família fique com o entretenimento e não veja assuntos que afetam diretamente as nossas vidas, como é o caso das propostas dos candidatos à presidência no debate da TV Band. Por isso, poucos percebem a sutileza da Globo ao mudar o jogo da Libertadores entre São Paulo e Internacional para o dia do debate. Quem tem interesse pelo analfabetismo político e por quê? Na disputa pela audiência, em que o futebol tem dez vezes mais a preferência do eleitor, manipular é tão fácil quanto tirar um doce de criança.

Minha idéia não é apontar soluções, pode ser que alguns até discordem de mim. Apenas proponho ao telespectador que, além de acompanhar as novelas globais, principalmente as do chamado horário nobre, estude-as também. Analise as mensagens, os conceitos transmitidos pelas personagens, os costumes que acabamos por reproduzir. Então, talvez tenhamos uma melhor compreensão do que é saudável às nossas famílias e até que ponto esse modelo de entretenimento que entra nos lares há décadas tem causado mais danos que simplesmente entreter.

Retirado de http://ponderador.blogspot.com/2010/08/as-novelas-das-oito-e-familia.html em 14 de janeiro de 2011.

Postado por Instrutor-social.blogspot.com.

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